verbo: A Feminina

No dicionário pode ler-se que tournée significa viagem com itinerário determinado, realizada com finalidade recreativa ou artística. A conjugação com a palavra Feminina funciona como o novo acordo ortográfico: muda tudo.

Sem saber o que pôr na mala, perdes-te nas mil tentativas (não fossemos nós mil e uma) de levar o que não interessa.

Chegada a quarta-feira, sabes que o substantivo família vai fazer com que te levantes o mais rápido possível da cama e com que mates saudades do traje académico. Sabes que não vão existir ciclos de sono completos e que os banhos vão saber a pouco. Sabes que a única sobremesa que podes esperar se chama música. Sabes que a voz vai falhar de tanto gritar ou de tanto sentir. Sabes que vale tudo e continuas sem saber para o que vais.

Do Hip-Hop ao Kizomba, passando pelo Pimba e pelo Rock e sem esquecer o tão nosso Fado, estavam apresentadas as equipas que prometiam a emoção dos próximos 5 dias. Mas, para que não caísse em esquecimento que os instrumentos são apenas letras da palavra Tuna, que é só uma, parece que os ovos quiseram juntar-se a nós e lutar pela sua própria sobrevivência, até ao último dia. Estes, representavam assim cada conjunto de Femininas que tocam o mesmo instrumento (num dicionário de tunante ler-se-ia naipe). E por falar em naipe, há sempre peças que são fundamentais para que tudo corra melhor, mesmo que sejam de Porcelana - e foi assim que as violas ganharam uma nova chefe de naipe.

Meio perdidas em Veiros, no Alentejo, há uma Feminina que faz questão que nos sintamos ainda mais, em casa. E por isso, com sotaque alentejano e com a nova responsabilidade de tomar conta do naipe das flautas, quinta-feira refrescámos as ideias em casa da Sousa. À noite, o desafio entre equipas demonstrou que qualquer uma de nós conjuga o verbo rimar no pretérito mais-que-perfeito.

Sexta-feira, dia de conhecer Veiros, dia de caça ao Tesouro. Uma aventura, meia dúzia de enigmas e os “ainda bem que cá estão!” em tom acolhedor, que ecoavam nas janelas da vila, ditaram a vontade de ficar. E porque quando se é Feminina uma vez, é-se até ao fim, surge uma noite com terror à mistura em que, musicalmente falando, ninguém desafinou.

A Feminina somos nós que a fazemos. Mas porque a dedicação é crescente à medida que nos apercebemos que não é por acaso que Feminina e Família começam pela mesma letra, sábado foi dia de nos lembrarmos da meia roxa, da escadinha e da colher. Depois de um pós-almoço animado, com candidatas e caloiras a mostrar quem canta mais alto, as equipas deram asas à imaginação, aumentando o número de músicas que fazem parte do reportório d’A Feminina. Ao cair da noite, e porque a chuva não é impedimento, Estremoz não teve dúvidas que a Noite era de Farmácia, não fossemos nós A Feminina, uma tuna diferente que se apresentou ao som de mais um Maneio, não deixando ninguém parado.

Aquecidas pelo sol de domingo e com a saudade das histórias que ficam, sobra a vontade de querer mais e a certeza de que A Feminina pode mudar tudo, mas continuará sempre a ser conjugada num tempo indefinido, em qualquer lugar e de todos os modos por TANTAS pessoas. Em algumas meias roxas sobra ainda o alívio de terem tomado a decisão certa, na hora certa. E se é para ser, que seja até ao fim.

Despertador

4 comentários:

  1. não diria melhor, não escreveria igual, mas sabes que também não passava longe.

    se um obrigada chegasse...

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  2. Oh gostei tanto! Conseguiste transmitir sentimentos para além das palavras, para além dos significados do dicionário =) Parabéns!

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