V Insula - Ponta Delgada, Açores

Podia dar a desculpa do jet lag, mas visto que já se passaram 2 semanas, sinto que cheguei ao ponto de qualquer desculpa soar completamente a falso! Diz que fomos aos Açores e ainda nem fotos aqui estão!
Faz precisamente hoje, dia 8 de Dezembro (segunda-feira), 15 dias desde que essa grande viagem se deu! Ainda me lembro de vir no carro a comentar que parecia que tínhamos passado semanas em Ponta Delgada, de tão poucas as horas que dormimos…

21 Novembro
Dia 21 de Novembro lá pedimos boleias aos pais, às mães (obrigada muito muito especial à da Bárbara pela paciência de esperar para saber se podíamos levar o acordeão e as bombas), aos irmãos (que fazem viagem até à faculdade para levar mais canalha), aos taxistas, … enfim. Toda uma panóplia de transportes que nos levassem ao Terminal 2 do Aeroporto da Portela. Aos poucos, o check in foi sendo invadido pelas capas negras da nossa tuninha, e o nervoso miudinho da viagem de avião foi crescendo. A espera pareceu interminável, mas a música deixou-nos disfarçar o pensamento que já pairava no palco do V Insula…
Srs Passageiros, apertem os cintos! O comandante vai ligar os motores e levantar voo… A viagem foi tranquila. À nossa espera, já tínhamos as meninas da Tuna Com Elas para nos dividirem pelos carros que nos dariam boleia até à Pousada.
Depois de conhecermos os guias, que há uns anos atrás foram meros espectros, lá seguimos até ao jantar na cantina. Estendemos as capas nas mesas do refeitório, e tomámos conta do sítio enquanto lá estivemos! Mais uma vez percorremos o novo repertório dos Deolinda, aliados a uns quantos “Pa po pe” e outras que tal.
As vozes estavam difíceis de controlar, principalmente devido aos inúmeros ouvidos entupidos que a aterragem tinha proporcionado. Entrar numa sala como a do Coliseu de Ponta Delgada mexe com qualquer pessoa. Para além de lindíssimo, era magnânimo, deixando uma sensação de respeito que quase nos deixou incomodadas. Íamos, ao contrário do que nos tinha sido avisado, ser as primeiras a actuar. Íamos praticamente abrir o espectáculo… o que para um festival de 2 dias, e sem check som, não nos deixa a maior sensação de confiança. Estávamos dispostas a dar o nosso melhor, e isso é que importava. Afinados os instrumentos, e com um contrabaixo bem maior e mais pujante que o da nossa Feminina, deixámos que o público Açoreano se enredasse no nosso Clandestino, enfeitiçando todo o Coliseu com as bolas de fogo que giravam em redor de um ponto mal definido, bem no centro do palco. Quando no final as luzes se acenderam, os aplausos de quem em silêncio ouviu a nossa solista, encheram-nos de sorrisos! Que público fantástico, acreditem! Difícil de descrever… Deixámo-nos embarcar e fomos de saída até ao nosso Amélie, seguido de um Molineiro onde a concentração foi imprescindível. Depois do venham mais 5 dedicado ao V Insula, o culminar da actuação com a troca de instrumentos do Ferreiro foi perfeito! Saímos felizes. Algumas lágrimas pela água de fogo derramada que deixou um palco escorregadio para as pandeiretas, mas acima de tudo a sensação de que demos o nosso melhor! O alívio misturado com o cansaço de uma longa viagem de avião, e uns quantos km a pé entre refeitório e coliseu, deixaram-nos acalmar enquanto assistíamos ao resto da noite, em que subiram ainda a palco a In’Spiritus Tuna e a Tuna Maria, a concurso, e da casa a Enf’intuna, Tuna Mista da Escola Superior de Enfermagem de Ponta Delgada. Recarregámos baterias para levar os instrumentos até à Pousada, andar da pousada até à Padaria para tirar a barriguinha de misérias e provar um bolo típico dos Açores, para ter força para, adivinhem!, andar até ao Bar, na Marina.
A noite foi comprida até chegarmos às nossas caminhas! Deixámos, nós veteranas, as pirralhitas ir dormir e, sem que ninguém se apercebesse, raptámos 3 meias roxas até ao jardim… a noite cerrada estava gelada, mas as emoções partilhadas, e que ficam apenas entre quem as viveu, permitiram passar por cima do frio e do cansaço. As nossas BusSnaita, XuxucaSnaita e PossuidaSnaita tiraram as meias roxas para receber a sua Escadinha de Caloiras! Como alguém disse… não é fácil ganhar o reconhecimento, e se ganhamos o título de Caloiras não é porque damos o nosso máximo… é porque demos o mínimo para lá chegar (que é bem mais difícil, acreditem)! Quando o primeiro degrau está subido, não há volta a dar! As exigências aumentam com as responsabilidades acrescidas! Parabéns, minhas meninas, por este grande passo… agora é mostrar que merecem cada vez mais! E sei que posso contar com vocês para isso! São e serão sem dúvida um orgulho para as vossas madrinhas: a Marta, a Joana e a Botinhas.

22 Novembro
Sábado recebeu-nos com bom tempo! Esperava-nos um longo percurso de Passe-calles… Andámos e andámos, sempre acompanhadas pelo Jota e o Ílhavo... E essa grande tarde chegou! Palavras de Ordem: finos e copos! Foram umas 4 horas non stop… e digo-vos! Fomos imparáveis! Os vários bares por onde passámos tinham provas… recordo-me dos 32 finos que bebemos entre todas, os 3 que a Bárbara deitou abaixo, a compilação de músicas Pimba e a música de solista que, com direito a introdução de Xutos, ofereceu ao júri presente uma Maria Lisboa que, àquela hora, só mesmo a Rita para cantar na perfeição! Dos bares, tinham de nos mandar embora porque para nós passa-calles sem música não faz sentido! Se era para parar, tínhamos de tocar! Se era para andar… tocávamos na mesma! Com o megafone sempre no máximo para distrair das dores de pernas que tanto “passeio” já começava a dar! E se o último bar oferecia uma esplanada cheia de cadeiras apetitosas, A Feminina não viu nem percebeu! Porque, numa desgarrada com a In'Spiritus Tuna e a Tuna Com Elas, parar os instrumentos era coisa que para nós não fazia sentido! Foi, sem dúvida, dos melhores passa-calles que já participámos! Foi o grande espírito de união e a amizade única que nos une que fez com que estas longas horas fossem, em cada minuto, acima do cansaço de poucas horas dormidas e longos km percorridos, brutais! Acreditem que são momentos como estes que fazem d’A Feminina a nossa Segunda Família!
Chegada a noite, o Coliseu Micaelense recebeu mais 2 tunas a concurso: a TFIST e a TFUFP, da Universidade Fernando Pessoa. A abrilhantar o espectáculo, os Tunídeos e a TAUA deram o ar de sua graça, ouvindo-se as 30 Femininas gritar bem alto pelo Jota e pelo Ílhavo, pandeireta e estandarte exímios da TAUA, como podem ver AQUI!!
O Coliseu encerrou com a actuação da Tuna com Elas, dedicada aos 5 Elementos, e que precedeu os minutos de agonia que acompanharam a entrega de prémios. Confesso que nestas alturas, a visão que tenho do palco é um pouco diferente daquela que têm as minhas meninas… Elas lá bem longe de mãos dadas a torcer por nós, e eu sozinha no palco… a sorrir feita parva, ou a bater palmas a prémios que nos fogem das mãos, ou ainda a dar saltos feita maluca (e sozinha!) quando dizem A Feminina! Lol! Confesso que o palco do Coliseu me recebeu bem =) o prémio de participação, Licor de Maracujá típico, foi usado para uns brindes com parte do júri e a magister da Egas Moniz! Lol! Enquanto os prémios iam saindo e os nervos aumentavam, lá aquecíamos a garganta para distrair da espera… o Tuna mais Tuna foi o último prémio a ser atribuído, por isso imaginem o quão longos foram aqueles minutos! Mas sim! Foi nosso! Porque vivemos e respiramos TUNA, todas juntas! E não há prémio que me rasgue maior alegria ou me faça dar salto maior em palco… A Tuna mais Tuna é A Feminina! Que orgulho!

23 Novembro
Porque o Domingo estava destinado ao passeio pela ilha oferecido pela Tuna com Elas, marcámos avião para o dia seguinte. O almoço, no tal bar da Marina, e ao qual fomos ter… a pé!, esperava-nos já, de forma a abrir o apetite para a viagem até às Furnas! Ao rigor de Tuna mais Tuna, fomos as únicas a ir trajadas, tal como os nossos incansáveis guias, que trajados apareceram para nos acompanhar por mais um longo dia! Confesso que é este espírito que me faz ter tanto orgulho e gostar tanto de vocês! Tuna é Tuna! E enquanto estamos a representar a Tuna e o Espírito Académico, o Traje é a nossa indumentária! Faça frio (e que frio fazia!), doam os pés (e andar km não ajuda!), estejam em uso já as camisas falsificadas (quem é que não guarda as camisas que não são oficiais para o último dia?), enfim! Lá fomos vestidas a preceito!
A Ilha de São Miguel é de facto extraordinariamente bonita, e o passeio, desta vez de autocarro, foi aproveitado para conhecer a ilha, tirar umas quantas fotos, cantar umas modinhas, e curtir a companhia umas das outras. Foi um longo e divertido passeio!
Chegado o fim do dia, fomos buscar as nossas malas à Pousada. Não podíamos pernoitar ali sem pagar a dormida, por isso a Tuna com Elas conseguiu-nos uma noite numa Associação, na qual tínhamos umas caminhas à maneira, casas de banho, aguinha quente prometida (mas que nunca chegámos a ver), ... enfim! Um cantinho bem prometedor! Aqui entre nós, ao lá chegar pensámos que tínhamos ido parar ao fim do mundo! Aquilo ficava na zona industrial, desterrado, e todo o lugar parecia um pouco macabro, ou não se lesse logo na entrada: “os meninos de bibe azul fizeram do sonho dos homens manhãs de trigo loiro.” Estranho, não?
Espalhadas as malas pelos quartos e escolhidas as camas, lá pegámos no guia que nos restava, o Ílhavo, para… não vão acreditar! ANDAR até algum sítio onde pudéssemos jantar!
Lá encontrámos uma cervejaria que nos recebeu, deixando a alegria contagiante tomar conta do lugar! Fizeram-se brindes, partilharam-se ideias, conhecemo-nos um pouco melhor naquele convívio convidativo! E se muitas carinhas ao cair do dia já mostravam um sono cerrado, não se fizeram ficar para trás e ganharam força para irmos até ao centro da cidade beber mais uns copos! Foi uma noite memorável, com praxes, copos, convívio com os locais e o acordar do Modo Fino Activo do Guia, que pacientemente nos acompanhou… até ao dia seguinte! Lá arranjou um quarto nos confins para dormir e não perder segundo ao nosso lado! Obrigada Ricardo pela companhia!
A chegada ao Dormitório era sempre acompanhada de uma visita aos salões… O órgão não parava de tocar, e a sala de pingue-pongue lá estava disponível para dar uns toques! Todo um potencial, acreditem!
A noite de Domingo só acabou quase ao nascer do dia, porque as Veteraníssimas da nossa Mui Nobre Tuna não dão tréguas! Exigimos um Hino das Caloiras e uma Oração ao CC das Candidatas! Parece fácil? Então nós tratamos disso… Tentem meter numa música umas tantas notas sem nada a ver, assim como umas quantas palavras sem sentido nenhum! Apesar disso, o raio das miúdas ainda nos surpreenderam com uma música bem bonita! Já a oração… Deve ter sido montada nos minutos que iam sendo mantidos acordados de hora em hora! Lol! Adorei chegar ao quarto e acordar a Paxana, que dormia abraçada ao violino! Aquilo é que é amor ao instrumento =)
Enfim… toda esta conversa para podermos todas as 13+1 Veteranas levar a ArrozSnaita e a DengosaSnaita até… bem! Uma passagem especial a Caloiras! Não preciso de dizer mais nada, porque já falei do que acontece quando se ganha o mérito de chegar onde chegaram! Resta um grande Parabéns e a esperança de vos ver sempre com essa presença tão forte em Ensaios, Actuações, Festivais, Retiros, Tournées… Grande orgulho para as madrinhas Sofia Afonso e Maria Paisana (que mesmo em Lisboa, esteve sempre connosco)!

24 Novembro
O texto já vai mais que longo, e por isso este dia dedico só à Dalila! Arranjámos um autocarro à borla devido à nossa Açoriana Feminina, e pelos contactos da nossa tesoureira Bárbara, e lá fomos, passeando sempre sob ordens da nossa Bandolim, até chegar a casa dos Pais desta menina que, como explicar?, prepararam-nos um lanche BRUTALÍSSIMO! Tão forte! Imaginem toda uma gastronomia Açoriana, espalhada por 2 mesas, com etiquetas e tudo! Melhor, impossível! Eu não consigo pôr por palavras! Juro! Obrigada DALILA!!!!!!!!!!

O final do dia levou-nos até ao Aeroporto de São Miguel… Nem parecia verdade que estes dias estavam a chegar ao fim… Já passava da meia-noite quando chegámos à nossa Lisboa…
Depois de tantas horas lado a lado, partilhando tantos bons momentos ainda frescos na memória, a sensação que nos envolvia era um misto de saudade e cansaço... Era difícil dizer "até amanhã" e seguir para casa... os dias de trabalho iam recomeçar, e estas intensas horas de pura adrenalina e cumplicidade entre as 30 chegavam ao fim.
Chegámos a casa. Cansadas... mas felizes!

Obrigada Açores, por estes dias FENOMENAIS!

Maria

5 comentários:

Anónimo disse...

Lindo!! Voces sao xcelentes!! tive muita sorte em ficar com tao nobre tuna :) Já tive a pensar e nao kero ser mais guia lol, pk num proximo festival posso apanhar uma tuna normal e nao kero... Só grandes tunas cheias de espirito!! :) Beijinhos para tds as femininas e gostei mt de vos conhecer!! dia 4 tenho aviao de lisboa pa ka, vou falar com a minha prima k tem ai casa pa ir dia 3 e assim podia tar um bocado com voces...*****

Anónimo disse...

Derivado do facto de ter prometido greve caso este texto não saísse o quanto antes...ele merece, obviamente, um comentário meu!
Os Açores descrevem-se numa expressão que tão bem nos define: TUNA + TUNA! Foram 4 dias de espírito, orgulho, entrega e boa disposição(confesso que foi uma luta diária contra o mau feitio que se vai instalando cá dentro..obg paxana, marta e gonças por me terem ensinado a dizer "bom dia" qd acordo!)

Mas não há como não sorrir nesta tuna!:)

Obrigada maria por trabalhares tão bem sobre pressão...tá lindo!

Obrigada FEMININAS, por ser convosco que passo dos melhores dias da minha vida!

*** Leo

Sofia disse...

caminhando no meu pónei, assim reza a lenda!

e muito caminhámos (sem pónei =P) mas caminhamos com alegria! Foi um festival daqueles que dá gosto recordar! Pela paisagem, pela actuação, pelas pessoas (Tia Maria do Nordeste, upa upa), pelo passa-calles, pelos guias que estiveram sempre (!!!) lá, pelas caminhadas para tonificar as carnes LOLOLOL, pelo ESPÍRITO, pela "cumplicidade" ;)


Olha, só me resta dizer uma coisa:



PUUUUXAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!




Beijinho à Tuna + Tuna, que este espírito se mantenha sempre. São um ORGULHO!


=)*

Anónimo disse...

O açores e os dias que lá passámos fizeram transparecer tudo aquilo que somos enquanto tuna e tudo aquilo damos à tuna e que me enche de orgulho por pertencer a esta GRANDE TUNA!
Apesar do cansaço, do frio, de termos saído do avião directas para o palco.. Fomos MAGNÍFICAS!
O espírito que se viveu naquele palco e naquele passacalles vai ficar para sempre guardado no meu coração*

Anónimo disse...

Foi sem duvida um festival mt fortee!
Só pa dizer k adorei ter-vos la na minha terrinha <3 e os meus paizinhos tb!
(a minha mãe ainda hoje me pede "ah e tal mostra lá os videos da tuna, põe la o cd d'A Feminina a tocar..." xD ficou fã a mulher LOL)

Obrigada a todas por momentos como estes!!! <3

bjos**